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Nunca aqui cheguei a falar d'O dia em que os lápis desistiram, mas é dos tais que está no top da prateleira.
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Cheios de humor e com os desenhos especiais do mestre Oliver, os miúdos (bem, e nós...) rimos a perder com o absurdo das histórias dos lápis e os seu momentos escatológicos de cocós de urso e vómito de cão e outras palavras nojentas.
Na noite da final do Euro o T pediu licença para ir ao terraço dizer um palavrão. Claro que o deixámos: o que é demais é demais e há palavras que têm também o seu lugar.
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A brincadeira com as cores dos lápis toma proporções épicas porque, além de discordarmos dos nomes de algumas cores que o autor
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(ou o tradutor dá), o R é ligeiramente daltónico, o que faz com que toda a história assuma contornos surreais.
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O meu preferido é o lápis gorducho para bebés (o postal do lápis desesperado, que até Picasso cita para convencer o Duarte a salvá-lo dos maus tratos do irmão, é absolutamente delicioso);
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o preferido dos miúdos é o lápis verde, Estéban, o magnífico, que até uma capa tem. Agora, se vão dar uma volta sozinhos na quinta, dizem de cor as deixas do lápis verde, como se as tivessem ouvido num filme: vou partir à descoberta do mundo. Sinceros cumprimentos, Estéban, o magnífico. E quando voltam: Querido Duarte, já vi o mundo. É chuvoso. Vou voltar para casa. Estéban, o magnífico.
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Outro que nos enche as medidas é o baralhado lápis vermelho-vivo (que para nós é cor-de-rosa-fluorescente) que acaba o livro a contar ao Magnífico que em Faro viu a Grande Muralha da China...
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A ideia de novela epistolar, em que os lápis mandam cartas ao dono Duarte, é novamente explorada aqui n'O dia em que os lápis voltaram a casa e já nos deixou todos com vontade de ir à vila buscar um postal para mandar aos amigos.
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A humanização de seres inanimados não é novidade, mas a exploração dos sentimentos e personalidades associadas às cores e aos seus habituais "ofícios", é aqui um achado muito bem trabalhado. Demasiado bem trabalhado.
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Às vezes tenho de fazer como o Duarte e "esquecer-me" do livro atrás da almofada do sofá a ver se o miúdo pede outra história... O que vale é que já há duas para ir variando.
(E aqui confessamos estar já à espera da terceira.)
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Orfeu mini, 2014/2016
Drew Daywalt texto, Oliver Jeffers ilustração
isbn 9789898327352/9789898327673
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