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29.2.24

De perto ninguém é normal

Dos idos de 64 do século passado, apresentam-nos agora esta pequena família, uma família normal, digamos.
O guarda-roupa das personagens destas historietas é bem anterior aos anos 60, mas as cores não enganam ninguém.
São quatro pequenas histórias ou melhor, lenga-lengas de acumulação que, ups, terminam num gag cómico, totalmente contrário à limpeza e arrumação do livro, aos decórs cuidados, ao aprumo das personagens.
Servia então como um manual de francês. Hoje podemos aprender inglês, nas páginas finais.
No seguimento da normalidade quotidiana, eis que surgem personagens ou elementos disruptores e tudo se desmorona como num castelo de cartas.
Irónico, sarcástico, divertido, provocador, est'A pequena família engana os mais desprevenidos na delicadeza e formalidade das ilustrações, na alvura das páginas, nos temas inócuos.
E é por isso mesmo que cada surpresa é tão poderosa:
em vez do esperado caniche para completar o retrato da família modelo, surge um crocodilo; em vez de um ilustre convidado para a opípara refeição, surge uma ratazana; em vez da modelo loira de olhos azuis, sai-nos uma sereia atrevida. E, em vez de palmas, palmas, meninas e meninos, o número de circo termina num estrondoso tombo.
De perto ninguém é normal.
O que serão o crocodilo, a ratazana e a sereia na nossa família? O que conseguiremos equilibrar mais sobre a frágil bicicleta que pedalamos todos os dias?
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A pequena família
Kalandraka, 2023 (1ª edição: 1964)
Sesyle Joslin texto, John Alcron ilustrações
isbn 9789897491689


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